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Centro Comercial Nova Olaria

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Nova Olaria
Pragmatismo nada superficial


Um certo sentimento de desorientação seguiu-se aos questionamentos da condição pós- moderna, que no Brasil deu-se talvez tardiamente, em meados dos anos oitenta. Questionadas as verdades estabelecidas havia-se que definir e inventar uma nova tradição. Sua opção para a pratica profissional foi eclética no sentido de ser inclusiva, sem preconceitos de forma e tema, sem o emprego de formulas a priori, apostando entretanto num pragmatismo nada superficial. Com ênfase num prazer estético “de resultados” mais do que de “princípios”. A obra do Nova Olaria, pode ser entendida como um esforço de contextualização da produção arquitetônica que se referencia mais claramente com seu aqui agora, sua inserção compromissada no mundo, porque define com clareza o que é inspiração e influencia o que é recriação e adaptação. O desconjuntado agrupamento de velhos galpões não chegava a ter um charme especial nem se localizava num lugar demasiadamente atrativo. Isso antes, mas não agora: após seu projeto e transformação o Nova Olaria não apenas um espaço arquitetônico plenamente (e funcionalmente) adequado as necessidades do cliente e do agrado dos usuários que o freqüentam, como tornou-se um marco catalisador de uma nova visão do bairro que, paradoxalmente quer remeter a tradição que, de fato, transforma de maneira radical porém sutil.
Alguém já disse que, não temos história, está na hora de inventá-la. Parece-me ter sido essa a tarefa dos arquitetos neste projeto.
Remetendo-se ao tecido tradicional da cidade e à tipologia habitacional dos imigrantes italianos que o ocuparam no inicio do século; aceitando como alavanca para mover a criação às contingências formadas pelas construções existentes, quase desinteressantes e sem brilho; respeitando a rua externa como parte da vitalidade urbana e valorizando a rua interna como elemento conector despojado e quase natural – se comparado com as soluções habituais de centros comerciais, geralmente fechados em conteiners auto-suficientes – os arquitetos trabalharam e criaram. E desse amálgama extraíram uma solução regular, simples e inteligente: o continuum das novas fachadas como pele, filtro, elemento de apoio e de requalificação dos espaços externos e internos. A qual se desdobra para atender particularidades de esquinas, da pequena praça, do portal, uniformemente, reiterativamente, apostando na repetição com sutis variações (lição aprendida da cidade tradicional) como viés de criação de um contexto que não é repetição do passado, mas sua re-invenção.

Ruth Verde Zein, 2000

Um lugar

Um grande programa: ir ao Centro  Comercial Nova Olaria para assistir, no Ponto do Cinema, O Céu de Lisboa. O cinema é ótimo, e dá ao espectador aquele clima de tranquila, elevada cumplicidade sem o que não dá para assistir filme algum. O clima ideal, aliás, para assistir O Céu de Lisboa. Wim Wenders faz múltiplas homenagens: em primeiro lugar, ao centenário do cinema, porque é de fazer filme que trata a história. Em segundo lugar, a Lisboa, que nada tem a ver com a cidade dos cartões postais. Corno em Terra Estrangeira, do Walter Salles Jr. é uma cidade desconhecida, irreal; sinistra para Salles Jr., lírica e misteriosa para Wim Wenders. Ele descobriu que Portugal continua sendo, como à época dos grandes descobrimentos, o trampolim para o desconhecido. As imagens são notáveis e a música do Madredeus completa o quadro.

Mas não completa a noite, que deve terminar obrigatoriamente, no Cofee Shop em frente ao cinema. E um legítimo café literário, este, e com preços relativamente modestos está atraindo uma clientela que incluía, no sábado passado, o prefeito Tarso Genro.

Eu sempre achei que a Cidade Baixa é o bairro que melhor preserva aquele ambiente de amável convivência característico da Porto Alegre de outros tempos. O Nova Olaria só confirma isto. Até no nome: há coisa mais antiga que um oleiro? A Olaria pode ser nova. Mas o que a gente procura lá é aquilo que os antigos oleiros procuravam, segundo Omar Khayiam, na argila que moldavam: o segredo da vida bem vivida.

Moacyr Scliar, 1996

 

Centro Comercial Nova Olaria 

 

Proprietário

MFM - Montepio dos Funcionários do Município de Porto Alegre 

Localização

Av. Gal. Lima e Silva N° 776

Terreno e área construída

Área do terreno:                                                          4.820,00m²

Área construída original:                                              3.995,00m²

Área costruída total após a reciclagem:            3.987,00m²

Área do Centro Comercial Nova Olaria:                      2.242,00m

Datas

Data do Projeto Arquitetônico: 1992

Data de Execução - 1992/1994 

Projeto Arquitetônico:

Moojen & Marques Arquitetos Associados - Arqtos: Moacyr Moojen Marques, José Carlos Marques, Sergio M. Marques

Col. Anna Paula M. Canez

Projetos Estruturais:

Concreto Armado - Friedman Azambuja Cia ltda. - Engs: Salomão Friedman, Paulo Azambuja.

Cobertura Metálica: Enga. Virginia D`Ávila

Estruturas Metálicas: Eng. Cláudio Creitchmann

Estrutura de Madeira: Eng. Alberto Friedman

Fundações: Eng. Leonardo Bernardi

Projeto Hidrossanitário:

Arq. Antonio Joaquim Machado

Projeto Elétrico e Telefônico:

Elentel Engenharia Ltda. - Eng. Renato Seganfredo

Projeto de Climatização:

Eng. João Carlos Barbosa

Projeto de Instalação de cozinhas:

Tekinox - Industrial de Equipamentos, Máquinas e Comércio Ltda. - Eng. Errol Reis

Projeto de Proteção contra incêndios:

Quimico Industrial Claudio Hanssen

Discriminações Técnicas:

Eng. Raul Rego Faillace.

Execução

Sertec Engenharia - Engs. Adalberto Dutra, Odone Moojen

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BIBLIOGRAFIA

POLTOSI, Rodrigo. ROMAN, Vlademir. Guia de Arquitetura de Porto Alegre. Escritos, Porto Alegre, 2016.

PROSHNOW, Simone Back. Heterocronia na Arquitetura. O Projeto como viabilizador do Patrimônio. Dissertação (mestrado), UniRitter, PPGAU, Lineu Castelo (Orient), Porto Alegre,  2008 

BORTOLI, Fábio. SBARDELOTTO, Gustavo. RENASCIMENTO DA URBANIDADE EM ÁREAS INDUSTRIAIS DEGRADADAS: UM NOVO USO PARA ANTIGAS MORADIAS DE ALUGUEL - PROJETO VILA FLORES | PORTO ALEGRE | RS. III Enanparq, São Paulo, 2014

FIGUEIREDO. Maria, Dantas de. O Muro invisível: cultura organizacional e representações sociais no Centro Comercial Nova Olaria. Dissertação (mestrado), UFRGS, PPGA, Neusa Rolita Cavedon (Orient), Porto Alegre,  2008 

CABRAL, Claudia. KIEFER, Flávio. Porto Alegre: Guia de Arquitetura Contemporânea. Viana & Mosley, Porto Alegre, 2007.

MARQUES, S. M.; MARQUES, M. M. ; MARQUES, J. C. ; CANEZ, A. P. . Centro Comercial Nova Olaria. Boletim dos Funcionários da Prefeitura do Município de Porto Alegre, Porto Alegre, , v. 12.

KIEFER, Marcelo. Cidade: Memória e Contemporaneidade. Enfase Porto Alegre - 1990 - 2004. Dissertação (mestrado), UFRGS, PROPAR,José Artur Frota (Orient), Porto Alegre 2005

MARQUES, M. M. ; MARQUES, S. M. ; MARQUES, J. C. ; CANEZ, A. P. . Rearquitetura inspirada. Porto Alegre: Zero hora, 2004 (Notícia de Jornal).

MARQUES, M. M. ; MARQUES, S. M. ; MARQUES, J. C. ; CANEZ, A. P. . Centro Comercial Nova Olaria. São Paulo: Arco Editorial, 2001 (Projeto Arquitetônico).

CABRAL, Cláudia. Da rua Corredor ao Centro Comercial. Tipologias comerciais em Porto Alegre dos anos 30 ao principiop dos 90. Arqtexto, . Porto Alegre. N.0,  p.31-43 , 2000.

ZEIN, Ruth Verde . Nova Olaria, Pragmatismo nada Superficial. Montevidéu: Dos Puntos - Elarqa, 2000 (Projeto Arquitetônico)

MARQUES, M. M. ; MARQUES, S. M. ; MARQUES, J. C. ; CANEZ, A. P. . Centro Comercial Nova Olaria. Nova York: Prestel, 1997 (Projeto Arquitetônico).

SCLIAR, M.  Um Lugar. Porto Alegre: Zero Hora, 1996 .

MARQUES, M. M. ; MARQUES, S. M. ; MARQUES, J. C. ; CANEZ, A. P. . Centro Comercial com características de tradicional bairro porto-alegrense - Centro Comercial Nova Olaria. São Paulo: Arco Editorial, 1996 (Projeto Arquitetônico).

MARQUES, M. M. ; MARQUES, S. M. ; MARQUES, J. C. ; CANEZ, A. P. . Espaço Inventado - Centro Comercial Nova Olaria. São Paulo: Pini, 1994 (Projeto Arquitetônico).

PREMIOS E EXPOSIÇÕES

1994

Representação Brasileira - Centro Comercial Nova Olaria, IX Bienal Panamericana de Quito. Organização Revista Projeto.

1995

Medalha de Ouro Edificações de Grande Porte - Centro Comercial Nova Olaria - Bienal de Arquitetura do Rio Grande do Sul, IAB-RS.

2004

Edificio Comercial Nota 10 - Centro Comercial Nova Olaria, Premiação Porto Alegre é 10 - Zero Hora, RBS.

2010

Edificação de interesse cultural - Equipe do Patrimonio Histórico Cultural - SMC de Porto Alegre

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