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Casa de Ipanema - Projeto Original, Década de 1950

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UMA CASA, TRÊS PROJETOS, CINQUENTA ANOS”

A Casa de Ipanema 1958 / 2008  

 

 

No final da década de 1950, Moacyr Moojen Marques planejou com a família, construção de casa para veraneio e finais de semana, no balneário Ipanema, sul da capital. O terreno escolhido, em cull-de-sac, no loteamento inicial do velho Juca Batista, possuía já adulta uma expressiva Timbaúva, decisiva para a opção. O projeto, apesar da singeleza imaginada para um bangalow de madeira de uso sazonal, inseriu-se no desenho despojado das casas racionalistas produzidas na Califórnia nas décadas de 1940 a 1960, a exemplo do study cases houses program, conectadas ao contexto gaúcho pela via da arquitetura produzida por paulistas como Oswaldo Bratke, Rino Levi e a vinda de Richard Neutra a Porto Alegre. A tipologia de casa moderna térrea ladeada por pérgolas e pátios delimitados por muros prolongados, horizontalidade acentuada, planta livre na área social e cozinha americana integrada, recheava o imaginário da classe média da década de 1950, ilustrado com imagens publicitárias da vida moderna, provida de automóveis, televisores, eletrodomésticos e móveis de perna palito. Do modelo norte-americano a casa ainda é herdeira, do racionalismo construtivo condicionado pela estrutura baloon-frame e fechamentos laterais de madeira. O projeto original define um núcleo “molhado” com banheiro, cozinha, área de serviço e paredes de divisa de alvenaria e a envolvente externa e demais paredes internas, configuradas por um esqueleto de madeira modulado a cada metro e meio e fechamento lateral com tábuas de pinho na horizontal, originalmente à vista, tratadas com verniz. Cobertura de fibro-cimento, forrada pelas mesmas peças de madeira aparente. No final da década de 1980, após usos intermitentes e significativa deterioração, um projeto de renovação transformou-a em residência permanente. A intervenção, além da restauração dos elementos originais como tijolos à vista, madeiras da estrutura, fôrros, fachadas e esquadrias, agregou nova garagem, área de serviço, banheiro de serviço, ampliação da cozinha e banheiro social. O novo projeto, seguiu a trilha da racionalidade construtiva, modulando os acréscimos construídos, com blocos e combogós de concreto. Os elementos industrializados brutos deixados à vista contrastam com a calidez da madeira e tijolos, inserindo no ambiente termos próprios do brutalismo paulista dos anos 1950, e/ou da arquitetura produzida na região do Ticino, na década de 1980. A casa original, entre medianeiras, transversal ao terreno, recebeu novos planos de fachada com os elementos de concreto, intermediados por área de transição com as fachadas de madeira originais, restauradas. Duas fachadas, duas gerações, duas arquiteturas. No final da década de 1990, o terreno original foi acrescido com uma fatia de três metros e meio de frente, na face oeste. Nesta parcela anexada, um terceiro projeto determinou a criação de nova garagem, área de lazer integrada à piscina nos fundos, quarto de casal e ateliê. A fatia, no pavimento térreo com planta livre, permite um futuro incremento do ateliê como atividade predominante. No segundo pavimento, quarto e ateliê unidos por passarela, com vazios, permitem a penetração de luz zenital de sheds, na cobertura. A materialidade e a dimensão tectônica, pautam estratégia de projeto e caráter arquitetônico. Na nova divisa oeste, a parede é constituída de lajes de concreto com nervuras colocadas na vertical (Palcas PI), sustentando vigas calhas longitudinais e transversais de concreto pré-fabricadas. Junto à casa existente, na estrutura do entrepiso, da cobertura e do fechamento lateral, aço na forma de pilares tubulares, vigas em “I” e tubos de dez por cinco centímetros. Telhas e paredes laterais, com painéis térmicos de aço duplado. A tipologia e conceito da casa pavilhão, com filiação às construções de uso industrial, impõe ao conjunto anterior, elemento principal dominante, mas que segue, principalmente na racionalidade construtiva, a continuidade cronológica. 

“A HOUSE, THREE PROJECTS, FIFTY YEARS”

The Ipanema House 1958 / 2008  

 

In the late fifties, Moacyr Moojen Marques planned with his family the construction of a Summer and weekend house, in balneary Ipanema, in the south of the capital. The chosen building site, in cull-de-sac, located in the inicial neighbourhood of the old Juca Batista, had an already adult and expressive Timbaúva tree, that was decisive to the choice. The design, in spite of the simplicity imagined to a wooden bangalow of seasonal use, was introduced in the drawing of the rationalist houses produced in Califórnia in the decades of 1940 to 1960, like the “study cases houses program”, connected to the “gaucho” context through the architecture produced by architects of São Paulo such as Oswaldo Bratke, Rino Levi and also with the coming of Richard Neutra to Porto Alegre. The typology of the modern one pavement house, sided by pergolas and yards delimited by prolongued walls, accentuated horizontality, free plan in the social área integrated to an american kitchen, filled the middle class imaginary of the fifties, ilustraded in publicitary images of the modern life, provided of cars, TVs, appliances and stick leg furniture. From the North American model, the house is also heiress of a constructive racionalism conditioned by the baloon-frame estructure and wooden lateral fencing. The original Project defines a “wet” area, with restroom, kitchen, laundry and service area and divisory of masonry walls, the external wrapping and further internal walls conformated by a wooden framing modulated every meter and a half and lateral closing in horizontal boards of pine wood, originally exposed, varnished. Roof of Fibro-Cement, quilted by the same pieces of aparent Wood. In the late decade of 1980, after intermittent use and significant deterioration, a renovation project transformed it in a permanent residence. The intervention, besides the restablishment of original elements such as the aparent bricks and the wooden estructure, ceilings, facades and framings, assembled new garage, laundry and service area, service bathroom, kitchen extension and social restroom. The new Project followed the trail of the constructive rationality, modulating the constructed additions with blocks and concrete “cobogós”. The industrial and raw elements left apparent provide a contrast with the warmth of the wood and brick, introducing in the environment, the language of the São Paulo brutalism of the fifties, and/or of the architecture produced in the Ticino region in the eighties. The original house, transverse to the terrain between its side limits received new façade plans with the elements in concrete, intermediated with the original wooden facades, restored. Two facades, two generations, two architectures. In the late nineties, the original terrain was increased with three meters and a half in its front, the west face. In this attached portion, a third Project determined the creation of a new garage, recreation area integrated to the pool in the back, a bedroom and atelier. The section in the pavement floor with free plan, allows a future increase of the atelier as a prevailing activity. In the second floor, bedroom and atelier united by a footbridge, with empty spaces, permit the permeation of overhead light from the sheds in the roofing. The materiality and the tectonic scale, guide the design strategy and architectural character. In the new west border, the wall consists of concrete slabs with vertical ribs (Palcas PI), sustaining beams gutters longitudinal and transversal of precast concrete. Next to the existent house, in the floor, roofing and lateral closing structures, tubular shaped steel pillars, “I” beams and tubes with 10 per 5 centimeters, were introduced. Roofing tiles and lateral closing with termical panels of double steel. The tipology and concept of the pavilion house, with filiation to the industrial constructions, impose to the former group a main dominant element but that follows, mainly in the constructive rationality, the chronological constancy.

Sergio M. Marques, 2011

FICHA TÉCNICA

Local: Rua Dr. Pio Ângelo, 45. Ipanema, Porto Alegre, RS, Brasil

Área do terreno: 300 m2

Projeto Original, 1958 – 1960 

Área Construída: 130,00 m2

Arquitetura, Construção:  Arq. Moacyr Moojen Marques (1930)

Hidraulico e Elétrico: Eng. Heinz Bauman

1° Rearquitetura, 1989 – 1993

Área acrescida: 20,00 m2

Arquitetura: Arq. Sergio M. Marques (1962)

Colaboração: Arq. Anna Paula Moura Canez (1963)

Construção: Arq. Sergio M. Marques e Arq. Ricardo Sassen Paz

Hidráulico e Elétrico: Arq. Ricardo Sassen Paz e Arq. Steffani Nohel Paz

2° Rearquitetura, 2006 – 2009

Área construída: 150,00 m2

Arquitetura: Arq. Sergio M. Marques

Colaboração: Arq. Luciane Kinsel. Acads. Camila Dias, Betina Cornetet, Lucas C. Moojen Marques (1995)

Construção - Coord. Geral: Arq. Sergio M. Marques, Arq. Ricardo Sassen Paz e Arq. Steffani Nohel Paz

Fundações: Eng.Paulo da Luz.

Estrutura de Concreto: Construtora PREMOLD Ltda, Eng. George S. de Souza, Eng. Newton Bins de Napoli.

Estrutura Metálica: Metalplan, Eng. Ervino Herrlein.

Alvenarias, acabamentos e instalações: Arqs. Ricardo Sassen Paz e Stefani Nhoel Paz.

Estrutura: Padoin & Sachs Engenharia de Estruturas

Fundações: Tecnobase

Elétrica e Hidráulica: Arqs. Ricardo Sassen Paz & Stefani Nhoel Paz

Conforto Térmico e Iluminação Natural: Eng. Nelson Turik

 

Fotografias:

Casa Original - Moacyr Moojen Marques

1° Rearquitetura - Fot. Eduardo Aigner

2° Rearquitetura - Sergio M. Marques 

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BIBLIOGRAFIA

MARQUES, S. M.. Uma Casa, Três Projetos, Cinquenta anos - A Casa de Ipanema - 1958 - 2008. In: III DOCOMOMO Sul, 2010, Porto Alegre. Madeira-Primitivismo e Inovação na Arquitetura do Cone Sul Latino Americano. Porto Alegre: UFGRS, 2010.

MARQUES S. M. Uma casa, três projetos, cinquenta anos - A Casa de Ipanema - 1958/2008. Palimpsesto  v. 01, Cátedra Blanca,  Escuela Técnica Superior de Arquitectura de Barcelona – Universidad Politécnica de Catalunya – ETSAB/UPC, 2011.

MARQUES, S. M.. Uma casa, três projetos, cinquenta anos 1958/2008 Porto Alegre RS Brasil. Arquitextos (São Paulo), v. 168, p. 168.1, 2014.

MARQUES, S. M.. Uma Casa, Três Projetos, Cinquenta anos: A Casa de Ipanema - 1958/2008. In: Carlos Eduardo Dias Comas; Marta Peixoto; Sergio Moacir Marques. (Org.). Madeira: Primitivismo e Tecnologia na Arquitetura do Cone Sul Americano: 1930/1970. 1ed.PORTO ALEGRE: UniRitter, 2016, v. 8, p. 105-120.

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